segunda-feira, 2 de maio de 2016

Leituras: El-rei Junot (Raul Brandão, 1919)


Raul Brandão, El-rei Junot, Renascença Portuguesa, Porto, 1919. (2.ª edição)

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"A HISTORIA é dòr, a verdadeira historia é a dos gritos. Eis a arvore: na arvore todo o trabalho obscuro se congrega para produzir a flor. Os  homens debalde se agitam, desesperam, morrem; a Ideia leva-os, espicaçados pelo aguilhão da dôr, para um destino natural de belleza. Não passam de titeres: pensam que resolvem, são impelidos, e essa mescla, que um momento se atropela em scena, — gestos, boccas amargas, farrapos tolhidos de dôr e impregnados de sonho, essa nuvem de espectros agitados, desfaz-se logo em pó: as orbitas das caveiras que alastram a crosta terráquea não se despegam porém, dil-o Emerson, das estrellas do céu. Fica uma ideia no ar — fica um rasto na terra: a dôr transmite-se."

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