Na senda ainda, e sempre, da tipologia da Medalha Militar de 1863, apresento um recorte de "O Tiro Civil", n.º 135 de 1.4.1898, acerca do gravador José Sérgio de Carvalho e Silva (1856-1945), sobre o qual coloco a hipótese de ser o gravador do mais comum modelo da medalha, assinada "S. SILVA", possivelmente associado à casa Frederico Costa, Lda.
Natural de Évora, foi pupilo de Venâncio Alves e entrou como aprendiz na Casa da Moeda em 1886, tendo ficado Praticante em 1894. Terá sido ele também o autor de vários modelos da Medalha Militar (1917) e da Medalha de Campanhas (1919), que levam a assinatura "J. SERGIO".
José Sergio de Carvalho e Silva
O facto do Tiro Civil publicar hoje o retrato de José Sérgio de Carvalho e Silva constitue uma homenagem com que muito uns honramos, pois com dia prestamos um justo preito a um artista distincto, que é tambem nosso partícularissimo amigo.
Nasceu José Sergio de Carvalho e Silva em 9 de Setembro de 1856 e é filho de Francisco Nunes de Carvalho e Silva. Distincto artista actualmente um dos encarregados das officinas de instrumentos electricos da Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portuguezes.
Em 11 de Janeiro de 1886 foi admittido na oficina de gravura da Casa da Moeda e nomeado praticante da referida oficina por decreto de 10 de maio de 1894, cathegoria official que conserva ainda, embora seja, como todos se reconhecem habilissimo na sua arte.
Quando foi admittido n'aquelle estabelecimento oficial, era já um optimo esculptor em marfim, especialidade em que tem produzido magnificos trabalhos, como, por exemplo, uma faca para cortar papel, que figurou na ultima exposição industrial na Avenida da Liberdade.
Na Casa da Moeda, porém, recebeu do distincto gravador. e nosso amigo tambem, sr. Venancio Alves, os conselhos da sua perícia e experiencia, adquirindo assim, graças á propria e excepcional aptidão. uma perfeição notabilissima cm trabalhos de gravura em aço, para impressão typographica.
Muitos são esses trabalhos e, entre outros, mencionaremos a moldura de alguns sellos postaes da 1.ª emissão El-Rei D. Carlos, para o continente e ultramar; estampilhas dc 2 ½ réis, actualmente cm circulação nas provindas ultramarinas: estampilha postal privativa da Companhia de Moçambique; estampilha industrial; estampilha do imposto do sello que vigorou no anno findo, e a actual; selos para recibos entre particulares; sello para taxa devida, segundo o desenho do sr. Manoel Pedro de Faria Luna e que não foi ainda posta em circulação; sello de taxa devida, commemorativo do centenario da India, etc. etc.
Este ultimo trabalho, a que já por vezes nos temos referido e a que ainda hoje alludimos na secção philateliea, é, sem duvida, a sua coroa artistica. e para o comprovar haverá por cedo, em breve, a consagração da opinião publica, que admirará a extraordinaria dificuldade de um tal trabalho, cuja primorosa execução mereceu os maiores elogios por parte do primeiro gravador francez n'aquella especialidade, mr. Eugenio Mouchon, que, por ter reconhecido em José Sergio de Carvalho e Silva uma tão notavel aptidão artistica, o convidou para o coadjuvar na execução de uma importante encommenda.
Infelizmente, porém, Carvalho e Silva não poude supportar o clima da grande Paria, e viu-se forcado a retirar para Lisboa, pouco depois de ter d'aqui partido, afim de garantir o restabelecimento da sua saude.
Terminando aqui as suas notas biographicas, aproveitamos tambem a occasião de lhe dar as boas vindas.
J. FRAGA PERY DE LINDE.
Anverso do grau ouro da Medalha Militar, classe de Comportamento Exemplar (modelo 1917) (notar a assinatura - J. SERGIO - no lado esquerdo da base da éfige central)
Mais sobre José Sérgio em https://ruascomhistoria.wordpress.com/2017/07/19/gravadores-de-selos-postais-portugueses-18/
Mais sobre José Sérgio em https://ruascomhistoria.wordpress.com/2017/07/19/gravadores-de-selos-postais-portugueses-18/
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